O sol não brilhou hoje como o fez no dia em que partiste, as nuvens cobriram o céu e fizeram-se notar neste dia que outrora significou tanto para nós. Costumava não me preocupar com tal facto pois, independentemente do tempo que fizesse cá fora, a temperatura do nosso amor era constante a tempestade que a nossa paixão criava era apenas mais um motivo para nos manter unidos. Era nessa temperatura, nesse amor que me refugiava e que, de uma maneira ou de outra, esquecia todo o quotidiano que me rodeava. Jamais voltei a sentir o odor à paixão que pairava à minha volta quando me pertencias, jamais voltei a sentir aquele perfume a ti que eu tanto adorava, jamais voltei a ouvir o sussurro arrepiante da tua voz ao meu ouvido, jamais senti o toque das tuas mãos suaves no meu corpo. Agora apenas paira esta nostalgia, esta amargura não do que vivemos, mas de te ter visto partir e nada ter feito. Paralisei, não fui capaz, perdoa-me por isso, perdoa-me se esperavas que fosse à luta, se esperavas que fosse a correr atrás de ti, perdoa-me se não correspondi ao que esperavas, se não te soube dar o suficiente para te fazer ficar. Esperava que o sentimento fosse o suficiente para te alimentar, esperava que tudo o que te dei fosse o suficiente para não duvidares, para não escolheres outro alguém, mas acho que, finalmente, percebi que não merecias. Partiste sem uma explicação, partiste sem uma despedida, partiste sem uma palavra de conforto, sem um sorriso, sem um até já. Já o fizeste antes, mas não vás esperar que da próxima vez te aceite como o fiz, sem arrependimentos, desta. Há dias em que lamento, há dias em que agradeço, só isso.
"Há dias em que lamento, há dias em que agradeço"