Porque nunca ninguém soube cuidar do pedaço de mim que eu doava sempre que me entregava a alguém, porque nunca ninguém entendia que o que eu sentia era amor, mas que esse sentimento me causava medo, porque nunca ninguém soube as amarguras que por consequência vieram dessa doação a alguém que nunca mereceu ou nunca foi forte o suficiente para cuidar de mim, porque nunca ninguém olhou nos meus olhos e foi capaz de entender a dor que estes transmitiam, porque nunca ninguém foi capaz de detectar a quantidade de sorrisos forçados que eu coloquei no meu rosto para fugir dos olhares daqueles que tantas vezes me julgaram por ser o que sou. Tantos porquês, tantas justificações numa vida que até hoje foi curta mas tem tanto para contar. Histórias que se tornaram meras memórias, memórias essas que carreguei na minha mochila até certo momento da minha vida. Nesse momento? Nesse momento eu percebi que havia algo á minha espera, percebi que não podia continuar no fim deste poço profundo e sem luz, percebi que a vida era muito mais do que meras recordações que apenas tornavam a minha vida mais nostálgica e sem jeito, percebi que era necessário levantar a cabeça, deixar o chão que até então foi o meu suporte, a minha base e levantar-me, porque a vida continuava mesmo não possuindo o que outrora possuía. Era preciso renascer e voltar a viver.
"Porque nunca ninguém"