Tu sabes que eu fiquei triste, que fiquei perdida, sem rumo, como se já nem conhecesse o mundo, mas que aguentei cada respirar meu sem ti. Eram obstáculos, uns seguidos dos outros, cada um maior que o anterior, admito, eu caí, caí vezes sem conta, fiquei no chão sabendo que ninguém me iria levantar. Foi aí, foi aí que percebi que necessitava de me levantar sozinha, que não poderia esperar alguém que jamais voltaria. Continuei o percurso, sobrevivi a cada noite mal dormida, a cada dia em que sorri porque não suportava o olhar atento e as perguntas de todos os que me rodeavam. Acalmei a dor da tua ausência recordando tudo o que outrora foi nosso, tudo o que vivemos ou, simplesmente, planeávamos viver. Nesses momentos, pouco ou nada surgia, era a única maneira de eu estar próxima de ti, mesmo sem o teu perfume no domínio do meu ar. O meu coração, esse insistiu em bater mais forte por alguém que nunca mais sentirá as suas pulsações, por alguém que outrora foi tudo e agora nada é. O nosso amor não resistiu a tudo, aquilo pela qual lutamos durante tanto tempo hoje para ti é apenas lixo, as promessas que fizeste, inconscientemente, ainda continuam por cumprir e eu contínuo aqui, nesta esperança, que um dia ainda voltes para as cumprir, mas a realidade é diferente daquilo que eu queria. Tu jamais voltarás e nada me deixa mais nostálgica do que acordar, e perceber isso. Tu sabes como é que eu me senti, talvez até saibas a maneira como todas as manhas eu acordava e via o mundo, tu sabes naquilo em que eu pensei e nunca proferi, tu sabes como eu me contive para não ter que chorar em frente de todos. Sabes, somos cada escolha que fazemos e tu escolhes-te fazer com que eu jamais voltasse a ser uma escolha para ti. Afundei-me na minha própria solidão e quanto mais no fundo eu estou, mais fria me torno. Nunca fui a melhor pessoa do mundo, mas também nunca fingi ser quem nunca fui, nem nunca serei. Hoje eu vivo com a certeza que, não importa o quão perfeito foi, nada é eterno.