Foi no passado, eu sempre colocava os olhos no visor do telemóvel na esperança que este
tocasse e fosse uma sms ou uma chamada dele. Ficava naquela angústia de saber
se ele estaria a pensar em mim e me mandaria uma sms a dizer que me amava.
Todos os dias era assim, como se fosse uma rotina, um quotidiano que jamais
teria fim, sempre me segurei para não o contactar, talvez por orgulho, não sei. Até que um dia o que eu, todos os dias,
esperava acabou por acontecer. Abri a sms e li: “ Eu amo-te, de verdade, sem
como’s nem porque’s, simplesmente te amo. Quero ficar contigo naquilo a que as
pessoas chamam de para sempre, ser o teu companheiro e viver do teu lado como
sempre sonhei. Espera por mim, prometo que valerá a pena”. Interpretar aquilo
deixou-me com uma boa sensação, sensação de amor correspondido, talvez. O tempo
passava, e à medida que as horas avançavam tudo ficou cada vez mais diminuído,
ele esquecia-se de mim, aos poucos, deixava de se importar, de me procurar e isso
deixava-me cada vez mais frágil. Ele nunca foi capaz de perceber isso ou
simplesmente fazia de propósito. A minha vida era, praticamente, vivida em
função dele, talvez por ingenuidade, por estupidez, não sei. Sempre me tratava
como se eu para ele nada significasse. O relógio parecia andar cada vez mais
depressa, eu estava numa luta contra o tempo, a dor aumentava cada vez mais, eu
queria desabafar, explodir, mas nunca conseguia, apenas deixava chegar a noite
e aí eu chorava como se o amanhã não existisse, esperando sempre que a dor se
tornasse cada vez menor. Mas com o tempo fui deixando de me importar tanto até
ao momento em que pensei em desistir por completo. Sempre me disseram que
desistir é para fracos, mas eu não era uma fraca qualquer, apenas percebi o
quanto tudo me estava a fazer mal, o quanto me destruía dia após dia e resolvi
por fim deixar isto numa outra página de história. Eu era forte por ter
guardado tudo o que guardei e ter permanecido calada, por ver coisas e sorrir
para esconder a mágoa. Eu sempre o amei, mas continuar com aquilo era matar-me
a mim própria e nem perceber.
"Os mais fortes também desistem"