Habituei-me a este quotidiano, aos dias em que a tua ausência se pronunciou, às horas em que passei amarrada ao telemóvel esperando uma mensagem tua, ao tempo que passei sentada naquele banco da rua esperando que tu por ali passasses só para te ver sorrir, mesmo sabendo que do teu lado ia outra pessoa. O meu coração sangrava de sofrimento, os meus olhos enchiam-se de lágrimas e não se continham fazendo com que estas escorressem pelo meu rosto. Tinha tendência para as deixar escorrer, para molhar a blusa com aquelas que eram as lágrimas da saudade. A mágoa tem feito parte da minha vida desde a tua partida, tenho-me dado á nostalgia diária, á falta de um sorriso que brilhava mesmo ao longe. Um dia pedi-te que despisses a tua pele, que saísses da concha, que me deixasses ser a tua protecção, que te virasses para mim e encaixasses a metade do teu coração na minha metade, pedi-te que não tivesses medo e te entregasses a mim. Prometi não te magoar, prometi dar-te o melhor de mim e cumpri, mas de que me valeu? A tua presença aquecia-me o coração, fazia o meu sorriso abrir-se e os meus olhos brilharem. Amava-te, amava-te de verdade, da maneira mais bonita, da forma mais sincera e natural. Agora tudo isso se perdeu, aquilo a que chamei de amor-perfeito desapareceu como meras bolas de sabão que vagueiam no ar, mas, por consequência, a saudade que deixas-te insiste em ficar, não me deixa seguir em frente, não me deixa virar a página nem despir-me da pele que um dia ambos vestimos. Tinha esperança que este novo ano me trouxesse um novo motivo para sorrir, uma nova fórmula para apagar a mágoa que sinto e a dor que a tua ausência causa mas, infelizmente, percebi que jamais existirá essa fórmula. Resta-me continuar aqui, lutando contra esta tempestade, ultrapassando estas ondas gigantes de tristeza, resta-me andar ao frio, á chuva, ao vento… para mais tarde conseguir e ter a recompensa que mereço!
Sim, este texto já foi aqui publicado anteriormente