Não me culpes, não me culpes por ainda viver presa a ti ou a
tudo o que fomos. Não me culpes porque na realidade, a culpa é apenas tua porque
levas-te o melhor de mim e apenas deixas-te o pior. Deixas-te a angústia, a saudade,
um amor que ficou inacabado ou que na verdade pouco foi vivido por ti. Não me
culpes por te amar assim, por não me conseguir desfazer do "nós" ou
do que fomos, não me culpes. A vida tem me feito rasteiras, tem deixado que o
passado se apodere de mim e me impeça de viver com intensidade o presente. Acredito,
acredito que um dia vá mudar, que um dia as tuas recordações não causem mais o
vazio e a nostalgia que hoje causam, acredito num amanhã promissor, longe de ti
e dos teus. Acredito que deixarás de fazer diferença na minha vida, que deixarás
de causar a insónia que todas as noites causas, acredito que deixarás de ser
esta chuva, esta nuvem cinzenta que me cobre. Vejo o sol lá no fundo, é o sinal
que ele existe, o sinal que eu precisava, a força que há muito já não tinha.
Mantenho-me firme porque é isso que as grandes mulheres fazem. Planto hoje para
colher amanhã. Já não fazes parte da minha colecção de sementes, fizeste-me
perceber que o teu fruto não é bom de se provar mas, que interessa isso? Para
mim nada, vou desfazer-me de ti, vou cortar o mal pela raiz e deixar que o sol
tome conta de mim.
"O amor é cheio de mistérios"