Sabes, hoje peguei naquele caderno onde desde à dois anos te
escrevo, ele está vazio, todas as folhas que foram preenchidas por palavras
angustiantes e triste arderam, outrora, algures. Percorri as ruas que fizeram do
nosso amor o que ele foi, as ruas que fizeram crescer a nossa cumplicidade,
sentei-me no banco onde pela primeira vez os nossos olhares se prenderam um ao
outro, onde a nossa confiança cresceu, vi os meus olhos encherem-se de lágrimas
e não contive deixando-as escorrer. Um milhão de recordações passaram pela
minha cabeça, a saudade apertou o meu peito, senti-me presa aquele banco,
aquelas recordações, mas necessitei de ser mais forte. Limpei as lágrimas,
ergui a cabeça, levantei-me e segui caminho. O local onde tudo aconteceu aproximava-se
e eu perguntava-me se era boa ideia ir a esse lugar. A resposta não surgiu mas,
decidi continuar. Cheguei, senti tudo o que sentira antes. Senti que pegas-te
na minha mão e me puxas-te para ti, senti os teus lábios tocarem nos meus,
senti o teu respirar, o teu coração bater, senti o aroma do teu perfume e que
ele tomava conta da minha roupa. Hoje, passados exactamente dois anos contínuo
aqui, gosto de ti da mesma maneira que gostava nessa altura, nada mudou a não
ser o facto de estares ausente. Sinto a falta de tudo o que fomos e que poderíamos
ter sido, sinto a falta desse teu ar meigo, das tuas brincadeiras irritantes,
sinto saudades de passar as minhas mãos pelo teu suave cabelo, sinto falta de
penetrar nesses teus olhos castanhos e doces, oh se tu soubesses daquilo que
sinto falta. Desculpa, as palavras foram vagas, nada saiu como na realidade eu
queria, mas não há dicionário que possuía todas as palavras necessárias para me
poder expressar e sabes, estou triste, não sei mas, sinto-me vazia.
"Reviver"