Mais umas palavras para o meu caderno de rascunhos, mais umas frases redigidas com intenção de me esvaziar um pouco da amargura que ainda preenche o meu coração. Ele ainda chora por ti, sofre a cada palavra que não dizes, a cada gesto que ficou por fazer ou até mesmo por cada promessa que ficou por cumprir. Refugio-me no recanto mais profundo do meu "eu", perco-me entre estas quatro paredes que outrora foram cúmplices do nosso amor, que escutaram cada palavra dita dessa tua desejada boca, paredes que foram testemunhas das tuas promessas vãs, do nosso sufoco e de tudo o que fazia do "eu" e "tu" um "nós". Gostava de poder voltar a respirar o mesmo ar que tu, de sentir a brisa matinal bater-me no rosto enquanto caminhava do teu lado, gostava de poder voltar a ter um motivo para todas as manhãs me levantar com um sorriso e todas as noites me deitar e sonhar na tranquilidade de mais uma noite contigo no meu coração. O real é bem diferente, a tua ausência vai ser eterna e o que eu preciso, mesmo, é aprender a viver cada dia como sendo o último, mesmo na tua ausência. Não é fácil, tenho essa noção mas, encontrarei as forças onde menos esperar e começarei a sorrir como fiz outrora.
Não propriamente realidade.
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