"Estou cansada de sonhar, de desejar, de te querer e
não te ter, de nunca saber se pensas ou não em mim, se à noite adormeces com
saudades no peito ou te deitas com outras mulheres. Depois de todas as palavras
e de todas as esperas, fiquei sem armas e sem forças. Sobra-me apenas a certeza
de que nada ficou por fazer ou dizer, que os sonhos nunca se perderam, apenas
se gastaram com a erosão do tempo e do silêncio." Descrevi-te como o
ideal, retractei-te ao sabor do vento, revi-te em cada gota de chuva que aos meus
pés caí-a. Percebi que já nada faz sentido se não estiveres aqui, que por mais
longe que de mim estejas, fisicamente, a tua presença em mim é constante e isso
ninguém pode mudar. Queria tornar-me para ti o que fui no passado, a mulher dos
teus olhos, o motivo de um sorriso, da felicidade constante. Queria fazer parte
da história da tua vida sendo a personagem principal. Não quero um conto de
fadas, uma história longa ou perfeita, quero que seja vivida, intensamente e de
forma única. Queria ser o motivo das tuas insónias, das tuas lágrimas, o motivo
pela qual sonhas ou simplesmente vives. Queria, mas não basta querer para que
aconteça. A vida é muito mais que palavras saídas do coração, é muitos mais que
marés de amor, de ternura ou confidência, é muito mais que olhares distantes e
gestos feitos em vão. Não sei se vale a pena lutar, não sei se ainda queres
saber ou não de mim mas, nada me magoa mais do que o teu silêncio, a falta do
teu corpo, da tua alma. Volta (…)
Texto entre aspas de Margarida Rebelo Pinto