Um dia parei, sentei-me e pensei. Naquele momento tudo me
passou pelo pensamento, o que ficou para trás, os ensinamentos que a vida me
trouxe, a dor/ mágoa que me fizeram sentir, a felicidade que por pura ingenuidade
deixei escapar e, sabes? Aceitei que o tempo é relativo, que as coisas não são
eternas e que podem ter um fim, aceitei que não devo estar segura dos outros e
do que eles significam para mim, porque o tempo não pára, parece ser eterno,
mas na realidade nada é eterno. Quando penso em fazer balanços do que já fui e
do que queria ser, concluo que muita coisa mudou e que nunca mais voltarei a frequentar
os mesmos sítios, nunca mais voltarei a viver as mesmas situações, pelo menos
não da mesma maneira. O tempo não parou e passou por mim. Um dia necessitei de
ir à luta, de arriscar neste mundo por uma pessoa, por um objectivo, por um
sonho, por um sorriso, por um final feliz, mas principalmente por mim. Fui compreendendo
o que é chorar de raiva e de ódio pelo facto do mundo não me ter sido entregue
numa bandeja mas, depois percebi que o pior já tinha passado, e segui em frente.
Absorvi as minhas derrotas e transformei-as em força, engoli as minhas mágoas e
fui querer alguém ao meu lado para poder pedir um abraço sempre que me sentisse
a pessoa mais fraca do mundo, gritei à vida e disse-lhe que ela não era justa e
que só agora me tinha apercebido que também não tinha sido justa contigo.