Eu sei que vais estranhar o facto de eu te estar a escrever,
vais ficar admirado com cada palavra que irei digitar mas, serão apenas as mais
verdadeiras. Estou aqui, a escrever-te ao som daquela música que tu sabes e que
outrora significou muito para “nós”. Andei escondida este tempo todo, longe de
tudo, mas principalmente de ti, eu sei. Eu tentei, juro que tentei esquecer o
“nós”, tentei esquecer-me de ti e de tudo aquilo que juntos vivemos. Senti-me
impotente por não o conseguir, mas havia sempre algo que não me deixava
desfazer-me de ti. Andava à procura do momento ideal para te poder dizer, de
facto tinha em mente o dia exacto, o dia em que tudo começou, mas por força da
tua surpreendente partida achei por bem que não haveria qualquer outro momento ideal
a não ser este mesmo. Eu sei que fui eu própria que quis partir, sei que fui eu
que destruí o que de mais bonito havia entre nós, fui eu que deixei o medo e o
passado apoderar-se de mim, eu sei que errei, mas não posso voltar atrás.
Aprendi com a tua ausência, com a saudade que todos os dias sinto do teu
perfume, do sabor dos teus beijos, do calor do teu corpo e de tudo aquilo que
me proporcionas-te, aprendi a viver longe de ti apesar do que me liga a ti,
aprendi a ver-te feliz mesmo que fosse à distância. Não me perguntes o porquê
de ter ficado calada este tempo todo, porque nem eu própria sei. Talvez por
medo da rejeição, pela vergonha de não saber o que queria, de ter partido e
logo depois querer voltar, tanta coisa. Provavelmente já esqueces-te muito do
que vivemos, não te questiono nem repreendo por isso, não tenho esse direito
até porque se não fosse a minha estupidez poderíamos ainda estar juntos neste
momento. Agora que soube que ias não pode ficar indiferente, não podia adiar
mais nem continuar a lutar contra algo que parece maior do que tudo. Não era ninguém
para te fazer esperar, mas nunca pensei que seria tão difícil esquecer-te,
tirar-te de mim, tirar o teu cheiro da minha roupa, o teu respirar do meu
ouvido, o bater do teu peito da minha mão, se é que me compreendes. Aceito que
até possas ter outra pessoa agora, aceito e fico feliz se o tiveres. Desculpa
por ter sido fraca ao ponto de nunca te ter contado nada, de nunca te ter dito
mais nada desde que decidi partir, desculpa por te ter feito sofrer, por ter
desperdiçado o belo amor que nos unia e tudo aquilo que fazia de mim e de ti um
“nós”. Acho que chegou a hora da despedia, não tarda muito e já estarás a
centenas de quilómetros de distância de mim. Acho que ficaria bem um
agradecimento por um dia me teres feito a pessoa mais feliz do mundo, por teres
partilhado tudo o que partilhas-te, por me teres ensinado a amar, a ser feliz e
a dar valor às mais pequenas coisas da vida. Um obrigado maior do que o mundo.
Estou orgulhosa de ti, por teres conseguido o que conseguiste e por nunca teres
desistido do que realmente é importante para ti. Vai, boa sorte com a tua vida,
sei que estarás de volta daqui a nada, aproveita e se feliz porque
oportunidades destas só surgem uma vez nada vida.
Com amor, Renata