Sentada num mero banco de jardim perdido algures na cidade lá me encontrava eu, viajando pela minha mente, perguntando a mim mesma onde estaria a esta hora se muitas coisas pela qual lutei não tivessem sido assim ou simplesmente não tivessem acontecido. Á minha volta as pessoas corriam de um lado para o outro, muitos em trabalho outras em puro lazer, as crianças essas gritavam, andavam aos pulos, jogavam á bola ou simplesmente corriam, abstraí-me do exterior e concentrei-me em mim mesma. Recordei memórias vividas no passado, recordei momentos inesquecíveis, relembrei as coisas mais patéticas que uma pessoa se poderia lembrar, mas a verdade, a verdade é que me senti bem ao recordar, senti-me pele primeira vez desde á muito tempo bem comigo mesma, feliz e confortavél sozinha. Não gosto de me encontrar sozinha, mas á muito que precisava de um momento como aquele para conseguir dar um verdadeiro sentido á vida. Nos últimos tempos nada tem corrido bem, já não sou a mesma pessoa que antes era e isso revolta-me muito, sinto falta da Renata extrovertida que todos os dias acordava com um sorriso na cara para enfrentar mais um dia, a Renata faladora e em muitos momentos irresponsável, criança (...), mas eu gostava de ser assim, gostava porque me sentia viva e sentia que conseguia transmitir parte da minha felicidade ás pessoas que me rodeavam e agora limito-me apenas a partilhar com elas um sorriso que por muitas vezes não é aquele que eu gostava de dar. Sinto a falta de tanta gente, de tantas coisas, tanto do passado como do presente, sinto falta da minha infância e dos momentos de pura tolice, falta de fazer uns joguinhos de futebol com os meus meninos/as (...) Num dado momento apercebi-me que começara a chover e eu não tinha um guarda-chuva mas não me importara, simplesmente depois de tudo o que me veio á memória decidi correr á chuva, decidi "brincar" naquela doce e calma água que do céu caía e pelo meu rosto escorria. A verdade, a verdade é que me senti livre, senti-me renascida, senti-me bem comigo mesma, a verdade é que me senti feliz como há muito não me sentia.
"Recordar é viver"